sexta-feira, 17 de abril de 2009

Silogismo dos Mares

Perguntasse a qualquer infante
Da prudente Lusitânia, e
De pronto exclamaria aos ventos:
Navegar é preciso!

Tempos Sagrados em que
Prezava-se a espontaneidade
Singrar os arredios mares
Era empresa, à qual se disporiam
Astutos aventureiros
Meticulosos, inveterados!

Hoje, surpreendo, ainda
Os que desconhecem as silhuetas do português
Pois se afirmava da mesma maneira
Com grande afinco:
Viver não é preciso!

Ora, não ousaria arriscar
Minha pseudo-intelectualidade
A exclamar doutas infâmias
Pois de tudo que se reservam estas linhas
Provém a incalculada sabedoria

E com o aval desta singular
Discrepância que permite abusos
Diversos do recôndito senso
Comum, exclamo aos corações:

Desenganados com a racionalidade
Da vida que concluída
Num breve silogismo:
Amar não é preciso!

Pedro Guimarães Pimentel

Os caminhos para o mesmo fim

Maneiras de viver distintas
Nesse caos da existência
Ao que atribuo sentido ainda
Com limitados talento e vivência

Os traços fortes da morena
E a serenidade do seu sorriso
O que tento decifrar à pena
É a mistura de um querer prolixo

Por tantas vezes, com ou sem razão
Se pode querer em doses cavalares
Amar, sofrer e pedir perdão.
Aquecer o frio de palavras e olhares

O que chora, o que faz chorar ou sai ileso
São todos faces da mesma moeda
Desde os que pisam sem sentir o peso,
Os que,pisados, se mantém à sela
Até os que praticam o desapego

Somos todos limitados em nossa retórica
O homem apaixonado é uma anedota
Isso, de fato, é uma verdade histórica
Há muitas formas de ser idiota.

Leonardo Monteiro Ferreira

terça-feira, 14 de abril de 2009

Não posso mais pecar

Terno e apreciável
Sorriso inigualável
Inevitável não sorrir também
Retidão inabalável
Sensação de estar bem

Sorrio diferente
Como quem deve
Esconde, mente.
Minha presença breve
Apaga, acende,
Apaga, ascende.

Desculpas não adiantam
Deixam-me em pranto
Pouco esforço,
Devia mais
Tanto, tanto,
Santo canto.

Não peço mais
Não peco mais
O que quero faz
O que passou lá atrás
É quase nada
De minha parte, vacilada
Destoada, desenganada.

Da tua, não sei medir
Não sei dizer, mas sei fingir
Que entendo, que o que quer
È esperar eu lhe pedir
Aguardar eu me mover
Sem pestanejar, vou lhe dizer
Já não sei o que fazer

O teu sorriso persiste
O meu insiste em disfarçar
O querer e não estar lá
Já não posso mais pedir
Já não posso mais pecar

Mas, não entenda mal
Gostei, ainda gosto
Teu sorriso, teu beijo
Concluo. Não, aposto!
Não tem igual
Este é meu desejo,
Este teu ensejo.

Pedro Guimarães Pimentel