quinta-feira, 23 de abril de 2009

Ponto sem nó

A culpa é minha quando planejo
Pois o timão escapa ao meu manejo
Me perco em meus planos
Revelo todos os meus segredos
Então fujo para o meu degredo
Pelos crimes profanos

Desta vez eu minto
Não pelo que sinto
Mas abandono o navio num banco de areia
Este ponto irá sem nó
Navegará só
Arrumo outro barco, sigo o canto da sereia

Quem vive de piratear
Quase nunca encontra o que pilhar
Mas, afinal, aceito meu destino
Minha nau esta vaga para a tripulação
E esta metáfora que canta meu coração
Se esbraveja num melancólico hino

Ô marinheiro, marinheiro!
... marinheiro só.

Pedro Guimarães Pimentel

Epitáfios

Hoje tecerei uma prece
Àqueles que quiseram tanto
E com tamanha força a quem não merece.
Triste face do desencanto.

Uma ode aos idiotas de toda parte
De gêneros e razões diversas
Que, incrivelmente, se consideram mártires
Distintos desbravadores, reis ou mascates
Poetas!

Cantemos a todos nós,
Perdidos nesse emaranhado de cores
Vendo mais cinza os amores
Errando os passos ao tentar ver beleza
Negando a vida, com pouca delicadeza

Não perderão a pose nem por um instante
Chorarão escondidos, sozinhos
Assim como o navegador errante
Sonhando com o retorno de seus caminhos

Todos se foram, sumiram
Vazios de significado partiram...

Os epitáfios ensanguentados
Datados a revelia destes pobres diabos
Aqueles que em vida foram anjos tortos
Guiados por amores igualmente mortos


Leonardo Monteiro Ferreira