quarta-feira, 18 de março de 2009

Malandro Arrependido

No começo tudo brilhava, doce maravilha
Encantavas minha vida vã
Eu te amo, tu me amas, como manda a cartilha...
Era o diabo com hálito de hortelã.

Com o fervor dos tolos, vago ao léu
Olhando pro céu, no fel, seus lábios de mel
Escondeste teus espinhos que feriram corações
Cada pedra tropeçada, um rosário de perdões.

Me fizeste acreditar que tudo podia ser alegre
Enfeitavas meu caminho com suas ilusões
Seu desprezo me doeu como uma ardente febre
Mentiras deslavadas, fetiches, esporões.

Minha poesia, minhas rimas, meu escrever prolixo
Tudo que fizeste por mim, agora deixo pro lixo.
As mágoas que me deixou no peito... Oh! "santa"!
Seu perfume, seu costume, nada mais me encanta.

Lá se foi o boêmio da vila constituir família...
Acabou-se um pai solteiro de filhos de uma mãe vadia
Mas volto hoje, de bom grado à malandragem
Coragem, me meto de novo em felizes vadiagens!

Arranjei uma cabrocha pra cuidar de meus rebentos
E na Lapa me desvio de amores ciumentos
Saio de casa, sem casa pra voltar
Velho botequim de esquina, meu lar doce lar

Minha bebida, meu cigarro, minha sina, meu cantar
Meu andar leve, flutuante, sem jamais escorregar
Não nego que deveras ainda penso na maldita
Mas malandro que é malandro não dispensa uma partida!


Leonardo Monteiro / Pedro Guimarães