quarta-feira, 13 de maio de 2009

Mundo Mal-amado

Em troca da possibilidade de conhecer um outro, esperamos que o "estar por vir" se encaixe num modelo pré-conceituosamente fabricado que deve inflar-se de príncipios e valores, nem sempre correspondidos. O ser alheio-humano é deixado de lado em prol das desmedidas instituições flutuantes.

Privilegia-se o contato com instituições que supostamente pairam sobre nossas cabeças em detrimento da relação direta com o ser semelhante humano. Quando, em verdade, sabemos que nada paira sobre nós. Não há nada silenciado nas coisas, não há mão oculta. Quando não há Providência, Previdência, evidências.

A hipocrisia do cotidiano se desfaz no culto a violência. Convive-se impacientemente "desapercebido" o "laissez-faire" da agressõa alheia, calcado na justiça divina, no reino prometido, na vitimização do eu. Convive-se tranquilamente com o paradoxo da pregação de um mundo mais justo e o discernimento entre os escolhidos e os indesejáveis.

A destreza do "deixar-passar" se equivoca quando a possível próxima vítima se aproxima o suficiente até atingir o eu. Assim se promulga a agressão defensiva. Assim se prolonga a covardia da força. A coerção pelo medo físico. Assim fascinam as transfigurações virtuais da realidade. Assim se alimenta de violência a realidade destroçada.

Pedro Guimarães Pimentel

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